terça-feira, 27 de julho de 2010

Uma idéia...

Sabe uma coisa que ajudaria imensamente aos que estamos começando nas veredas da produção musical doméstica? -Um fórum no qual as pessoas pudessem postar suas músicas e receber dicas concretas de profissionais ou de pessoas mais experientes.

Take 2, Gravando!


Ok, mas por onde começo?

Resposta: pelo metrônomo. Sem isso fica difícil demais pros instrumentos se encaixarem na música como um todo. Se quiser prescindir do metrônomo, é melhor gravar logo todos os instrumentos de uma vez, como se fosse ao vivo. Isso tem muitas desvantagens, e talvez a maior delas seja não podermos editar nada depois de gravado. Como estamos falando de estúdio, vamos fazer como nos estúdios, ok? Defina o número de bpm's (batidas por minuto) da sua música antes de mais nada, e grave tudo com metrônomo.

Em seguida, ajuda muito colocar uma voz e um violão "guia". "Guia" aqui significa que essas faixas não entrarão na gravação final, servem somente pra nos orientarmos na hora de gravar os demais instrumentos.

Depois da faixa guia, com uma voz e um violão gravados rigorosamente no metrônomo, eu gosto de colocar baixo e bateria. Define bem a "cozinha", e já dá a cara da música do jeito que eu imagino... Particularmente, como eu uso bateria em VSTI, eu faço a bateria básica nessa fase, e componho as viradas mais pro final. No meu caso, como não sou baterista, isso me ajuda a enxergar melhor a música. Alguns técnicos às vezes começam pela bateria, e gravam os demais instrumentos sincronizados pela batera e não mais pelo metrônomo, com o pretexto de deixar o som mais "orgânico". Fica a seu critério, mas cuidado. O metrônomo é sempre mais seguro.

Em seguida, que tal colocar os instrumentos que comporão a harmonia? Violões, guitarras base, teclados, pianos, etc. Logo após, já pode desligar as faixas que foram usadas como guia.

Eu costumo deixar pro final o mais importante: a voz e os solos. Os backing vocals entram também nessa fase.

Depois, eventualmente podem entrar na música samplers e sons que não necessariamente foram gravados no seu estúdio... Por exemplo: ondas do mar, vento, etc. Mas essa parte já está tangenciando o horizonte da mixagem.

Dois conselhos finais: todas as regras estão aí para serem quebradas. E o mais importante: divirta-se! (Tem gente que parece ter a incrível habilidade de transformar em chatice até as coisas mais legais...)

Take 1, Gravando!

Pronto pra gravar?

Em primeiro lugar, não se surpreenda se você levar mais tempo depois, editando as coisas que gravou, do que levou para gravar. Executar a música com perfeição nem sempre é fácil, e às vezes você ganha tempo se emendar os trechos bons ao invés de querer a execução perfeita do início ao fim. A medida certa entre o que deve ser regravado e o que pode ser editado é algo que você deve adquirir com o tempo.

Como gravar? Em linhas gerais, certifique-se de que o som de cada instrumento está sendo bem captado, em bom volume e sem ruído. Lembre-se: numa gravação digital o volume nunca pode saturar o nível máximo da interface de áudio.

Eu utilizo plugins de bateria, de modo que a captação da batera, uma das etapas mais difíceis, eu não tenho que enfrentar.

O baixo eu gravo em linha, captado entrando direto na interface de áudio.

Violão é um problema. Se quiser qualidade em destaque, o jeito é procurar microfonar e gravar como um instrumento acústico. No meu caso, eu evito microfonar, pois meu ambiente de gravação infelizmente é muito ruidoso. Como meu violão tem saída elétrica, gravo em linha ou então da mesma forma que as guitarras (varia caso a caso).

As guitarras eu gravo sempre passando pelo V-Amp. O mais importante aqui é notar que o som da guitarra é o produto da guitarra, dos efeitos e do amplificador. Logo, a gravação em linha costuma soar muito artificial. Pra contornar esse problema, existem equipamentos como o V-Amp que simulam efeitos e amplificadores. Alternativamente você pode inclusive microfonar um bom aplificador e gravar assim mesmo. Existem ainda plugins que fazem o pós-processamento do som da guitarra, mas acho que gravar sem efeitos dificulta bastante na hora da execução. A característica dos amplificadores, no entanto, pode ser adicionada a posteriori.

Teclados finalmente sempre entram em linha.

E a voz? Um bom microfone (do tipo condensador, de preferência), com um filtro anti-pop, gravando tudo limpo, sem efeito algum. Os efeitos na voz devem ser adicionados depois. Em geral isso te dá mais qualidade e liberdade na hora da edição.

Aliás, é bom ter isso em mente: com exceção das guitarras, procure gravar tudo sem efeito algum. Adicione todos os efeitos que quiser somente na hora da mixagem.

Sobre a captação da voz e demais captações através de microfones, tente evitar ao máximo os vazamentos. Vazamento é o fenômeno que ocorre quando o microfone capta outros instrumentos ou ruídos na hora da gravação (por exemplo, o playback já gravado em cima do qual se estava cantando). Pra evitar vazamentos na captação da voz e de instrumentos acústicos, utilize fones de ouvido, de preferência com boas características anti-vazamento. Em geral, fones fechados e acolchoados vazam bem menos que os fones abertos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Produção Independente em Home Studio. -Será?


Nós, os fuçadores de programas e brinquedos eletrônicos voltados para produção musical independente, acreditamos (ou queremos acreditar) que é possível produzir música de qualidade em casa e por conta própria. Será isso verdade?

Do ponto de vista tecnológico, certamente. Os programas que temos à mão são os mesmos que utilizam os grandes estúdios por aí. -Que estúdio 5 estrelas prescinde hoje em dia de um manjado Protools e de um bom conjunto de plugins da Waves? E são esses mesmos que você já têm.

Tá, mas e a qualidade dos microfones, dos instrumentos, e tudo mais? -Com relação a isso, penso que, ainda que os equipamentos utilizados não sejam de primeiríssima... -Pense só nas gravações das décadas de 50 e 60. Já eram música de boa qualidade, e ainda tocam nas rádios até hoje. Em minha opinião, dispomos de equipamentos e instrumentos melhores ou no mínimo tão bons quanto os daquela época (com o perdão dos puristas e saudosistas).

De posse do ferramental necessário, o que falta? Por que as gravações que você faz não ficam com "cara de profissional"?

Falta o pulo do gato, aprender a fazer todas essas ferramentas trabalharem da mesma forma que os técnicos fazem nos estúdios profissionais. -Mas quem é que vai me ensinar isso? -Honestamente, acho que ninguém. Livros ajudam, alguns sites ajudam, espero que esse blog contribua, mas ainda assim é um caminho difícil de se trilhar. -Se você tem a rara oportunidade de colar em um expert, aproveite a chance e torne-se você também um mestre.

No entanto, o que sobra pra mortais como eu e a maioria dos meus companheiros de cachaça musical, é aprender na marra. Eis o método há muito conhecido: tentativa e erro.

Quanto a isso,vou tentar exemplificar o processo. Pense só em quem está fazendo aulas de canto pela primeira vez. O que é preciso pra se cantar afinado? -Primeiro, saber quando se está ou não afinado. E isso se sabe como? -Ouvindo e sentindo. Sem essa sensibilidade, fim de papo, o cara vai ficar cantando desafinado pra sempre e achando que está arrasando. Tenho a impressão de que a maioria dos desafinados por aí não tem problemas na voz, mas no ouvido.

Depois de adquirida essa sensibilidade mínima, o próximo passo é colocar a voz pra trabalhar. Se sua voz não chega nas notas certas, isso também vai ser um problema. Escolha outro repertório, ou desista de cantar. Supondo superados esses dois obstáculos, o processo de aprendizado passa por um ciclo: cantar e ouvir e cantar e ouvir... Autocriticar-se e melhorar sempre.

No home-studio não é diferente. Saber ouvir música mixada por profissionais é essencial para obter bons resultados. Como ele equalizou a guitarra? Qual o volume do baixo? Que efeitos ele usou na voz? -Ouvido.

O próximo passo é tentar fazer você sua própria mixagem. Pra isso, você deve estar familiarizado com compressores, limiters, equalizadores, reverbers, delays, mixers, e todos os recursos disponíveis nos seus softwares e plugins. -Mão na massa.

E daí em diante? Tentativa e erro, brother. Não se aprende isso na teoria. Ouvido e mão na massa.

Se serve de consolo, vários colegas músicos notaram nitidamente a evolução na qualidade das minhas gravações nos últimos anos. Ainda falta muito a percorrer, mas acho que estou no caminho certo. Confira as minhas músicas disponibilizadas no myspace e saiba do que estou falando.

Abração, e boas gravações!

PS. E não esquece de mandar os seus mp3 depois pra trocarmos uma idéia! ;)

My Space

Atendendo a uma lei pós-moderna da cultura musical interdependente, resolvi criar uma conta no MySpace pra postar minhas brincadeiras musicais.

http://www.myspace.com/andrezinhocarvalho

Também aproveito pra dizer que podemos ir devagar, mas nunca paramos!

Vida longa e próspera!